terça-feira, 23 de novembro de 2021

"Vamos falar de SIDA"

Em Português, Francês e Inglês.






Trabalhos realizados pelos alunos do 7º A,  Leonor Ribas, Lucas Reis, Margarida Cardoso e Rita Oliveira 

Entrevista realizada no âmbito do “Dia Mundial da Luta contra a SIDA”

 

A propósito do “Dia Mundial da Luta contra a SIDA”, nós, os alunos do 7.ºA, entrevistámos a professora de Ciências Naturais, Maria do Céu Martins, para aprofundarmos os nossos conhecimentos sobre a SIDA e, particularmente, para assinalarmos esta data de uma forma diferente.  

A entrevista decorreu no dia 19 do corrente mês de novembro, num ambiente descontraído, na Escola Básica Grão Vasco.

Diogo – Olá, professora! Muito obrigada por ter aceitado o nosso convite.

Prof. Maria do Céu – Obrigada eu, por me proporcionarem a oportunidade de falar sobre um assunto tão importante.

Rita – Professora, o que é o HIV?

Professora Mª do Céu – O HIV ou VIH é o vírus que causa a doença da SIDA e significa Vírus da Imunodeficiência Humana. Este vírus ataca o sistema imunitário humano, fragilizando-o, causando a doença da SIDA.

Diogo – Qual é a diferença entre estar infetado por HIV ou ter SIDA?

Professora – A partir do momento em que alguém contrai o vírus, passa a ser seropositivo e, se começar a ter sintomas, passa a ser doente de SIDA.

Rita – Como se transmite a doença?

Professora – O vírus pode entrar no nosso organismo por três vias: pela via sanguínea, através de objetos cortantes, como seringas, lâminas ou até escovas, pela via sexual (sem o uso de preservativo), e pela via mãe-filho ou via direta, durante a gravidez, durante a amamentação ou durante o parto.

Diogo – Quais são os sintomas da SIDA?

Professora – Numa fase inicial, os sintomas podem ser confundidos com os da gripe, tais como: febre, tosse, tremores, mal-estar geral, entre outros.

Rita – No dia 1 de dezembro comemora-se o “Dia Mundial da Luta Contra a SIDA”. Por que razão é tão importante assinalar-se esta efeméride?

Professora – É importante para alertar as pessoas, pois a SIDA não desapareceu e pode ser evitada, se as pessoas tiverem os devidos cuidados. É fundamental dar-se destaque ao assunto, para prevenir os chamados comportamentos de risco e a consequente exposição ao vírus.

Diogo – Que atividades vão ser desenvolvidas nesse âmbito, na nossa Escola?

Professora – De certeza que vamos falar muito sobre SIDA, nesse dia! Todos os anos desenvolvemos atividades diversas e este ano não vai ser exceção. As atividades passam por debates e reflexões, nas turmas, e visualização de vídeos. Mas o programa ainda não está fechado!

Rita – Vamos, agora, falar um pouco sobre os primórdios da SIDA. Quando a SIDA surgiu, em Portugal, quem se destacou na luta contra a doença?

Professora – Quando falamos de SIDA em Portugal, temos de referir a ação da Dra. Odette Ferreira, farmacêutica, professora universitária e investigadora. Durante muitos anos foi o “rosto” da luta contra a SIDA, em Portugal.

Diogo – Professora, tem alguma memória do início da SIDA, nos anos 80?

Professora – Sim, sim. Recordo-me que, na altura, era uma doença totalmente desconhecida, quem ficasse contaminado, acabava por morrer. Na época, a doença era assustadora porque a medicina não respondida a este problema, não havia medicamentos.

Diogo – Lembra-se da morte de músico António Variações [1944-1984]?

Professora – Lembro-me de ver a notícia na televisão. O António Variações foi primeiro rosto português conhecido que faleceu devido à SIDA.

Diogo – Na sua opinião, considera que a doença ainda é muito estigmatizante?

Professora – Infelizmente, ainda é, apesar de, atualmente, dispormos de conhecimentos profundos sobre o vírus, sobre a doença e sobre as formas do seu contágio.

Rita – Estamos a chegar ao fim da nossa entrevista… muito obrigada pela sua disponibilidade.

Diogo – Gostámos muito de a entrevistar!

Professora – O gosto foi meu! Estou ao vosso dispor para futuras conversas.

Rita – É bom saber! Poderemos voltar a necessitar dos préstimos da professora…

Diogo – Obrigado!

Com esta pequena entrevista, enriquecemos os nossos conhecimentos e demos o nosso singelo contributo na luta contra a SIDA.

    Rita Oliveira, Rafael Fernandes, Diogo Mendes e Sofia Matos

Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA).

 Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA).

A propósito do “Dia Mundial da Luta contra a SIDA”, destacamos uma figura incontornável neste assunto: a Professora Doutora Odette Santos.

Nota biográfica

Maria Odette Santos Ferreira nasceu em Lisboa, a 4 de junho de 1929, e faleceu a 7 de outubro de 2018.

Licenciou-se em Farmácia, em 1970, posteriormente doutorou-se na Universidade de Paris Sud, e dedicou a sua vida ao estudo, à investigação e à docência, nomeadamente ao serviço da Universidade de Lisboa, onde foi professora catedrática de Microbiologia. Foi uma figura importante no Serviço Nacional de Saúde.

Nos anos 70 colaborou com o Instituto Pasteur, em Paris, desenvolvendo paralelamente estudos epidemiológicos de infeções hospitalares, em Hospitais de Lisboa.

Na década de 80 conseguiu, entre outras proezas, o feito de realizar o isolamento do 2.º vírus da SIDA, num doente internado no Hospital Egas Moniz. Esta descoberta, feita em colaboração com a equipa do Professor José Luís Champalimaud (do Hospital Egas Moniz), revolucionou o mundo do diagnóstico serológico.

A Professora Doutora Odette Ferreira foi coordenadora do “Programa Nacional da Luta contra a SIDA”, entre 1992 e 2000, desenvolveu inúmeros projetos de elevado interesse, representou Portugal ao mais alto nível nas instâncias de saúde internacionais e foi distinguida com merecidos prémios.

(Adaptado) https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/noticias/odette-ferreira-1925-2018/


O primeiro contacto com HIV

Foi durante um congresso, em Lausanne, Suíça, no início dos anos 80, que a investigadora Odette Ferreira teve o primeiro contacto com a SIDA, que, nessa altura, ainda não era vista como uma grande ameaça.

No Instituto Pasteur, aprendeu técnicas de identificação do vírus da SIDA e avançou imediatamente com estudos seroepidemiológicos, na Faculdade de Farmácia de Lisboa.

No início dos anos 80, pouco se sabia sobre a doença, quer em Portugal quer no resto do mundo.

“Lembro-me que havia quem mudasse de passeio só para não se cruzar comigo. Na faculdade, o Diretor não queria que eu trabalhasse, com medo que eu infetasse alguém. As pessoas achavam que se transmitia com um aperto de mão.”

In “Uma Luta, uma Vida – nem precisava de tanto” de Sara Nobre [Biografia de Odette Ferreira]

 


Num dos regressos ao Instituto Pasteur, nas múltiplas viagens que efetuou entre Lisboa e Paris, levou consigo amostras retiradas de doente internado no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, sobre o qual recaíam suspeitas de estar contaminado pelo vírus da SIDA, apesar de não pertencer a um “grupo de risco”.

A investigadora insistiu nas análises, ainda que as primeiras dessem sempre negativo.

“Já andava desanimada quando, três semanas depois, a técnica diz ‘Maria Odette, tens um vírus’. Estávamos perante um vírus novo [mais tarde identificado como VIH 2]. Morfologicamente era igual, só que o peso das proteínas era diferente. Foi uma bomba. Os kits dos laboratórios não o detetavam, tiveram de fazer novos.”

In “Uma Luta, uma Vida – nem precisava de tanto” de Sara Nobre

 

A partir daí, as investigações não pararam e a investigadora ocupou um lugar cimeiro em busca de respostas.

Factos / Curiosidades

  •  No dia 4 de dezembro de 2014, a investigadora foi homenageada no Auditório da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. Durante a cerimónia, Maria de Belém, deputada da Assembleia da República, recordou quando a investigadora decidiu que uma análise tinha de ser levada a Paris, levando-a consigo, debaixo do casaco, no avião. "Tinha de ser conservada à temperatura de 37 graus, mas teve sorte por aquele ser um tempo em que não tínhamos ainda de despir os casacos no aeroporto. Hoje seria acusada de bioterrorismo, como nos filmes que se veem por aí.", comentou Maria de Belém, arrancando uma gargalhada aos presentes.
  • A 7 de julho de 1983, o Diário de Lisboa noticiou o primeiro caso de SIDA, em Lisboa, reportado pela investigadora.
  • Em 1984, a investigadora identificou mais oito mortes por SIDA. No dia 13 de junho, faleceu o músico António Variações, tornando-se o primeiro rosto da doença em Portugal.

(Adaptado)https://magg.sapo.pt/atualidade/atualidade-nacional/artigos/odette-ferreira-a-mulher-que-diagnosticou-antonio-variacoes-e-levou-amostras-de-sangue-no-bolso-da-algibeira

A equipa do PES